4 passos para começar nos ralis de regularidade

Os ralis de regularidade são uma modalidade que está a captar cada vez mais adeptos no nosso país. Elaboramos um pequeno guia para aqueles que estão a pensar iniciar-se neste tipo de eventos, onde a diversão e a competitividade estão presentes a um custo relativamente acessível.

Começando pelo que é um rali de regularidade, estes eventos realizam-se, na sua maioria, em estrada aberta ao trânsito. A sua estrutura é similar à de um rali sprint embora a maneira como se classificam e competem os concorrentes é substancialmente diferente. Nos ralis de regularidade não ganha quem é o mais rápido, ganha aquele que é mais regular e que chega ao final com menos pontos de penalização. Mas então, como se define quem é o mais regular? Basicamente, classifica-se melhor o concorrente que consiga chegar do ponto A ao ponto B num tempo ideal, definido pela velocidade que a organização do dito rali especifica. Parece fácil, no entanto, durante esse trajecto a organização introduzirá pontos de cronometragem intermédios onde cada concorrente terá de passar com um tempo ideal, definido pela sua hora de saída para o troço.

Vejamos a imagem abaixo:

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A um determinado concorrente é dada a hora de partida 10:05:00, a qual deve obrigatoriamente respeitar. O acerto do cronómetro que leva a bordo é importante e deve sempre ser confirmado com o da organização para evitar avanços ou atrasos. No road-book que o co-piloto transportará, virá a velocidade a que este troço deve ser cumprido. Normalmente, essa velocidade nunca é superior a 50 km/h de modo a cumprir com os limites estabelecidos por lei. O mesmo road-book também indicará todas a mudanças de trajectória necessárias para cumprir o troço definido.

Neste exemplo, vamo-nos focar nos ralis com pontos de cronometragem parcial secretos, assinalados a vermelho. Sendo secretos (só mesmo a organização saberá quais são esses mesmos pontos), o concorrente terá de passar no ponto 1 às 10:06:30. Caso passe um segundo antes ou depois desse tempo, será penalizado com um ponto (cada segundo de avanço ou atraso vale um ponto).

Não tendo a equipa acesso à informação sobre a localização desses pontos, o co-piloto terá que conjugar da melhor forma toda a informação (velocidade, hora ideal e distância percorrida) que tem à sua disposição. Cabe-lhe a ele(a) calcular e comunicar com o piloto o avanço ou o atraso para que o último possa compensar e ajustar a velocidade para o mais próximo possível da ideal. 

Como já devem ter percebido, percorrer este troço em 6 minutos (partida: 10:05:00, chegada: 10:11:00), não significa que o concorrente não tenha penalizado alguns pontos durante o mesmo. O importante é ser o mais regular possível durante o percurso, compensando qualquer atraso (cruzamentos, curvas apertadas de baixa velocidade,...) ou qualquer excesso.

Passando à parte mais técnica, vejamos agora aquilo que necessitamos para poder participar neste tipo de ralis:

1) Carro

Como em qulaquer desporto automóvel, ter um veículo é absolutamente essencial. A questão prende-se em qual usar: qual é o melhor? Que tipo de preparação precisa um carro para poder entrar nestas provas?

Ora, esta modalidade está mais focada em carros antigos, normalmente com mais de 25 ou 30 anos, no entanto, hoje em dia é possível participar nos mesmos com veículos mais recentes. Ter um carro super potente não é sinal de sucesso;. carros com potências modestas são mais do que capazes de sair vitoriosos de um rali de regularidade. Basta que o piloto se sinta à vontade no mesmo e que conheça bem as suas manhas.

 

2) Co-piloto

O co-piloto é também um elemento fundamental nestes eventos. Vai ser o responsável máximo por transmitir toda a informação necessária ao piloto sobre todos os acontecimentos descritos no road-book, bem como dos seus avanços, atrasos, horas de partida, etc. Idealmente, procurar uma pessoa que não enjoe será mais aconselhável, dado que o co-piloto terá de consultar várias vezes toda a informação que tem ao seu dispor, tirando os olhos da estrada para tal tarefa.

 

3) Instrumentação

Os dispositivos de informação e acessórios que se devem levar para um rali de regularidade são muito importantes para que o trio consiga o resultado desejado. 

Entre eles, estão:

- medidores de distância

Os medidores de distância, chamados vulgarmente tripmeters, são dispositivos que fiavelmente indicam a distância percorrida por um veículo. O nível de detalhe é tal que são capazes de medir o deslocamento em decâmetros, unidade que um odómetro normal de um carro impossibilita de ser consultada. O odómetro pode ser igualmente usado, ainda que peca por duas questões essenciais: a primeira pela sua fraca medição e precisão, como explicamos, a outra por estar posicionado na frente do piloto, podendo ser um elemento de distracção e por vezes perigoso em ralis com frequentes mudanças de direcção. Os tripmeters estão montados do lado do co-piloto, conectados por uma sonda à caixa de velocidades ou, em alguns casos, numa roda não motriz.

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- cronómetro

Um item essencial para controlar os tempos e coordenar a informação fornecida pelo tripmeter.

- caneta

Um acessório simples mas importantíssimo para fazer contas e riscar vinhetas já concluídas no road-book de modo a evitar confusões ou perdas.

- caderno

- luz (para ralis nocturnos)

 

4) Encontrar a prova ideal

No nosso país é possível encontrar provas de regularidade com frequência. Existe, também, um campeonato organizado pela FPAK com provas distrubuídas pelo país seguindo todas elas um padrão idêntico no que a distância, duração e elegibilidade diz respeito. (+info: https://www.fpak.pt/calendario-pvt?term_node_tid_depth=382)

Existem outras provas igualmente interessantes em Espanha. Uma muito concorrida é o Iberian Classic Raid que se realiza totalmente em terra e durante 8 dias. Este ano a partida dá-se em Barcelona no dia 17 de Outubro e o final está agendado para o dia 24 do mesmo mês em Lisboa (+info: http://www.spainclassicraid.com/en/)

 

 

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